Alguns ainda insistem em acreditar que a rede social outrora chamada Twitter ainda é um ambiente de trocas de informação e conhecimento. Por mais que eu tenha que concordar que ainda há muitas contas de pessoas relevantes por lá, o clima de fim é predominante.
De 2007 – quando abri a minha conta – para cá, muita coisa mudou lá e aqui. Na rede, as coisas pareciam acontecer primeiro ali e depois em outros lugares. E de repente não aconteciam mais. Quando o bilionário muito louco decidiu comprar a rede e transformá-la num antro de discursos de ódio, conteúdo ilegal e propaganda de cassino online, o TikTok já explodia. Aqui eu fui é ficando cada vez mais cansado de uma dinâmica violenta, em que cada post tinha que ser meticulosamente calculado para não gerar descontentamentos. Até que simplesmente não valia mais gastar tempo pensando nisso: era mais fácil não publicar nada.
É claro que eu gostaria que tivéssemos um ambiente novamente favorável às trocas sadias de informação e entretenimento. Daí a apostar em continuar nesse Titanic (ou no submarino para bilionários a caminho dele) são outros quinhentos: esta possibilidade é enterrada a cada nova notícia endrúxula que vem de lá. “Ah, mas ele foi pedir desculpa em Cannes”. Uau.
Então foi isto: resolvi dizer um adeus definitivo à rede. Post de despedida, webapp desinstalado. E vamos dar boas-vindas às novas possibilidades!
E quais são as novas possibilidades?
Eu sei que a possibilidade de ver a maioria das pessoas tentando entender o que é Fediverso, Mastodon, ActivityPub e afins é pequena. Remota. Mas nesta semana eu tive um fio de esperança de que algo legal pode realmente surgir. Mesmo que envolva a Meta.
Porque eu sei que a maioria das pessoas vai querer algo fácil de mexer. Como ficar no próprio Twitter enquanto ele afunda. Ou tentar algo como o Threads e o Bluesky. E se eles realmente cumprirem a promessa de conversarem melhor com protocolos abertos, o perfil em uma rede social passaria a ser uma espécie de e-mail: não importa se você tem conta em um serviço ou outro, é possível conversar com qualquer outro e-mail de qualquer outro serviço.
E nestas últimas semanas, os experimentos começaram a pipocar:
- Uma gambiarra que permite usuários de Bluesky e Mastodon interagirem.
- Usuários do Threads podem ser seguidos por usuários do Mastodon, e algumas das interações serão avisadas na rede da Meta. Há a promessa de integração ainda mais profunda.
Pode ser que simplesmente não dê em nada. Mas a simples possibilidade de que isto seja algo maior é um motivador para experiências. Para quem já trocou as grandes plataformas por quase tudo opensource, a hora de abraçar o que eu gostaria que fosse o futuro está aí. Por enquanto, pode me seguir no Mastodon. Em breve, eu torço para que você possa me seguir em qualquer que seja a rede de sua escolha. Que você possa seguir quem você quiser. Mesmo que não queira.
Foto: Souvik Banerjee e Chethan | Unsplash