Devo ter alterado este site/domínio umas dez vezes ao longo do tempo. Em algum momento, ele até registrou cada pedacinho de produção que eu tocava em podcasts e canais no YouTube, quando o motor que arquivava as postagens ainda era o Tumblr e tudo era feito de maneira bem automatizada.

Antes disso, também tive outros sites e blogs, também tive uns episódios de podcasts mais antigos do que os registros que o já não mais usado Tumblr poderia supor, alguns experimentos em vídeo que foram embriões do canal que mantive entre 2017 e 2019. E aí veio a pandemia. E o tal pequeno arquivo do acabou se perdendo – devo mesmo ter deletado em algum acesso de rancor pelo período dolorido que atravessamos enquanto humanidade, num momento de desesperança.

Mas estamos em 2025. É um novo tempo.

Decidi fazer as pazes com o grande arquivão. Estou aqui num processo de abrir gavetas, links que não funcionam, arquivos soltos em hard drives perdidos, fragmentos de cartas, poemas, mentiras, retratos, vestígios de estranha civilização. E estou remexendo em tudo de maneira manual. Não para avaliar o material – ainda que seja interessante descobrir se alguma previsão feita em 2012 tenha se tornado real ou somente uma análise equivocada que alguém com menos de 30 anos invariavelmente faria em um bocado de casos. Encaro como organizar uma caixa de fotografias soltas: ao ver cada uma delas, é inevitável rememorar aquele momento vivido, pessoas, dores, amores, sonhos, projetos, vitórias e tombos. E isto então se tornou um pequeno hobby que aos poucos vai aumentar o conteúdo registrado neste pequeno espaço nas interwebs.

Não para ficar vivendo do passado, veja bem. A ideia é olhar para frente, para novos projetos e rumos que a vida reserva a partir da meia-idade. Contudo, para escrever novos capítulos, é preciso que se estabeleça uma relação com os anteriores. Uma conexão. Faz algum sentido?

Foto: Monstera Production no Pexels.